Investir é uma escolha pessoal que depende da forma que você lida com o dinheiro e seu apetite a riscos
Existe uma frase atribuída a Warren Buffett, considerado um dos investidores mais importantes do mundo, que diz: “o mercado de ações é um dispositivo que transfere dinheiro dos impacientes para os pacientes”. É bom ouvir gente como Buffet em tempos tão incertos. Nos últimos tempos assistimos mais pessoas buscando melhorar seus rendimentos através da bolsa de valores, efeito dos seguidos cortes da taxa básica de juros, que levou a Selic ao patamar de 2,25% ao ano, o menor da história. Com rendimentos tão baixos para títulos como os de renda fixa, é natural que o investidor busque alternativas de maior retorno.
À queda da Selic somou-se o acesso facilitado pela tecnologia, a popularização das corretoras de investimento e um bom desempenho do mercado de ações entre 2016 e 2019. Resultado: em 2020 o número de investidores em renda variável dobrou, chegando a mais de dois milhões de pessoas.
Com tanto tempo de bom desempenho, muita gente acreditou que a migração para a bolsa era garantia de retorno certo. Não foi exatamente o que aconteceu. O mercado cresce em ondas e com a crise do novo coronavírus, os dados mais recentes da economia – que avançou apenas 1,1% em 2019 – e as incertezas provocadas pelos embates entre os Executivo e o Legislativo, os preços das ações no Brasil despencaram.
Daniel Kahneman, prêmio Nobel em economia, fala da grande aversão a perdas que as pessoas costumam ter e de como reagimos emocionalmente às diversas situações cotidianas. Cirkuit breakers, os fechamentos temporários das negociações na bolsa, servem justamente para frear o efeito manada e acalmar os ânimos em momentos de estresse.
Quedas em ações são inevitáveis e fazem parte do sistema. Por isso, antes de se expor a maiores riscos, é preciso entender quais os seus objetivos e saber se você é o tipo de pessoa que suportaria ver seu patrimônio reduzido em 30% em apenas um mês e, ainda assim, continuar mantendo a estratégia planejada inicialmente.
Se for o seu caso, é bom ter em mente que a bolsa brasileira tem muito capital estrangeiro e, em um ambiente de incertezas, os investidores internacionais tendem a buscar mercados mais estáveis. Em momentos como esse é importante ter calma, manter a estratégia e construir sua posição gradualmente.
O investidor deve ter em mente que o risco não deve ser eliminado, mas gerenciado, e que a tendência é que cada vez mais pessoas busquem alternativas com rendimentos melhores. Investidores impacientes costumam vender seus papéis logo após experimentar as primeiras quedas e comprar ações quando essas estão se valorizando. É a atitude contrária à máxima mais conhecida do mercado de capitais: “comprar na baixa e vender na alta”.
Por Merula Borges, coordenadora financeira da CNDL
FONTE: FCDL MG
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