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NRF: o apocalipse do varejo é um mito

Presidente da National Retail Federation acredita que o momento atual oferece uma oportunidade para os lojistas reavaliarem seus negócios


As vendas online ainda representam cerca de 10% do total do setor. Ou seja, 90% das transações ainda acontecem em lojas físicas. Mas os números deixam claro que a preferência dos consumidores está mudando — e isso ficou em evidência com a pandemia do coronavírus.


A empresa de pesquisas Coresight Research estima que até 25 mil lojas fechem as portas neste ano. Em 2019, o número de estabelecimentos comerciais que encerraram as atividades ficou em 9,3 mil.


Marcas conhecidas, como a rede de suplementos alimentares GNC e a espanhola Inditex, dona da Zara, anunciou em junho que até 1,2 mil das suas lojas serão fechadas permanentemente nos próximos dois anos.


Mas, para Matthew Shay, presidente da National Retail Federation (NRF), associação que reúne os varejistas americanos e realiza uma convenção anual frequentada por milhares de executivos do setor no Brasil, a ideia de um “apocalipse do varejo” é um mito.


Shay acredita que a pandemia vai acelerar transformações na experiência dos clientes e considera que o momento atual oferece uma boa oportunidade para que os lojistas transformem seus negócios — aqueles que sobreviverem ao massacre, é claro.


Veja a seguir os principais trechos da entrevista concedida por Shay ao InfoMoney:


O varejo foi um dos setores mais atingidos pela pandemia. Muitas lojas fecharam e nunca mais voltarão a abrir. Estive nas últimas cinco edições do evento anual da NRF, em Nova York, e em todas elas a ideia de um “apocalipse do varejo” foi descrita como dramática demais. Ainda é o caso?


A ideia de um apocalipse do varejo sempre foi um mito que ignora o forte crescimento das vendas que o setor de varejo tem registrado a cada ano na última década.


Antes da pandemia, as vendas no varejo cresceram 3,8% em 2019, e o setor deve se recuperar à medida que a pandemia diminuir.


A Covid-19 acelerou certas tendências nos últimos anos, à medida que os varejistas reinventam a experiência do cliente, unindo os canais online e offline.


Fazer compras faz parte da vida dos americanos, e o varejo continuará sendo a espinha dorsal da economia de nosso país.


Qual é a perspectiva da NRF para o resto do ano, já que a pandemia ainda está fora de controle em algumas partes do país?


As vendas no varejo já começaram a se recuperar com a reabertura da economia. A rapidez e a facilidade com que a economia se vai recuperar dependerá em grande parte da trajetória do vírus. Recuperações normalmente não acontecem em linha reta, e ainda pode haver sobressaltos, mas acreditamos que a economia e o setor de varejo estejam numa curva ascendente.


O varejo continuará sendo a maior fonte de emprego para os americanos?


O setor de varejo emprega diretamente 32 milhões de pessoas e sustenta 52 milhões. O setor é o maior empregador do país, em grande parte, porque faz a interface entre outras indústrias e o consumidor. A pandemia não muda isso.


Alguns observadores dizem que a pandemia acelerou bastante a mudança para o comércio eletrônico e que ela deve ser duradoura. O senhor concorda?


A pandemia mostrou claramente como é fácil comprar sem sair de casa, e isso certamente pode acelerar o nível de conforto dos consumidores com as compras online.


Mas lembre que, antes da pandemia, 90% das vendas no varejo ocorriam em lojas físicas, e mesmo com um aumento acelerado nas compras online a maioria das vendas ainda será realizada nas lojas.


Fazer compras é uma atividade social. Os consumidores gostam comprar de varejistas e marcas que conhecem.


Os varejistas tradicionais estão prontos para acelerar seus planos e competir contra os gigantes do e-commerce (como Amazon, mas também o Walmart)?


O varejo é uma das indústrias mais competitivas de toda a economia, porque os consumidores têm muitas opções. É muito fácil atravessar a rua para ir a outra loja ou clicar no próximo site.


Os varejistas competem de várias maneiras. Não é uma questão tão simples quanto lojas físicas vs. lojas online, ou lojas pequenas vs. lojas grandes. Todo formato de varejo tem suas vantagens.


O senhor acredita que as pessoas estarão menos inclinadas a ir às lojas físicas depois de fazer a maior parte, se não todas, as compras nos últimos meses pela internet?


Muita gente continuou comprando em lojas físicas durante toda a pandemia. Vimos filas enormes para entrar em estabelecimentos que ficaram abertos.


Os varejistas fizeram um grande esforço para garantir a segurança dos clientes, colocando telas de acrílico nos caixas, melhorando a sinalização, fornecendo máscaras e álcool gel, fazendo limpeza constante.


Existem vários produtos que os consumidores querem ver, provar ou tocar antes de comprar. Na verdade, existe uma demanda reprimida.


As pessoas querem voltar a sair de casa, querem voltar ao normal, e isso já está trazendo os consumidores de volta às lojas.


Que oportunidades a crise apresenta aos varejistas?


Essa é uma excelente oportunidade para os varejistas reavaliarem o que funciona e o que não funciona. Seja vendendo na loja vs. online, projetando lojas para permitir maior distanciamento social ou olhando para a estrutura e o financiamento do negócio.


É hora de os varejistas aprenderem, inovarem e colocarem essas lições em prática



Do site Varejo S.A.

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