*Luis Lobão
A crise trazida pela pandemia da Covid-19 mexeu com as estruturas de diversos setores, de um modo nunca visto antes, gerando um enorme impacto negativo. Ao mesmo tempo, beneficiou diversos setores. A demanda por e-commerce, por exemplo, aumentou brutalmente. Para o bem ou para o mal, a pandemia da Covid-19 deixou a sua marca em 2020 e para o futuro. Os reflexos na economia e nos negócios já podem ser percebidos e levantam discussões urgentes sobre os modelos, estratégias, funções e perfis dos negócios.
A explosão do comércio eletrônico, neste ano de pandemia, está revelando as falhas do modelo de negócios das lojas de varejo. Os custos fixos e o tormento dos estoques pesam nas costas das lojas físicas na hora de competirem com os varejistas online, livres de todos estes fatores. A capacidade do consumidor de verificar online os preços de produtos concorrentes com facilidade reduz todos os preços, tanto que estes têm se tornado um fator menor de diferenciação. As marcas devem competir em outros quesitos. As experiências digitais transformaram as compras. A realidade virtual e outras tecnologias estão tornando a linha entre os mundos digital e físico cada vez mais tênue. Os componentes de um ambiente de varejo e a maneira como as pessoas compram os produtos devem continuar mudando radicalmente nos próximos anos. Mas uma coisa é certa, as pessoas ainda querem ir às compras, mas exigem experiências estimulantes.
Luis Lobão: “A realidade virtual e outras tecnologias estão tornando a linha entre os mundos digital e físico cada vez mais tênue”
O futuro do varejo é tanto próspero como difícil. Para que as os varejistas façam a transição digital, elas precisam reconhecer que ninguém precisa do seu produto específico. Os clientes têm escolhas! Se você almeja a fidelidade dos clientes, o que você vende é menos importante do que a forma como você vende. Se você não for capaz de se mover com rapidez e ser um disruptor, prepare-se para ser deixado para trás. A maioria das empresas afirma valorizar a criatividade, mas poucas a apoiam. Para construir o suporte organizacional para a inovação, introduza algo novo, não apenas melhore uma ideia existente. As empresas inovadoras fazem três coisas para saltar à frente dos rivais: elas constroem redes e parcerias (operando em plataforma), realizam benchmarks lateralmente (buscando melhores exemplos de modelos de negócio) e executam com velocidade e adaptabilidade (de forma ágil).
No passado, as empresas sólidas, grandes e ricas eram bem-sucedidas nas suas categorias porque o tamanho as protegia da concorrência. Mas no mundo pós-digital, a força está nas redes, na inovação e na agilidade. Ser marginalmente melhor do que o seu rival de categoria não mais suficiente. Você deve oferecer a melhor opção experiencial em todas as categorias, porque é isso que atrai os clientes. As empresas de sucesso são obcecadas em projetar com detalhes maravilhosas experiências do cliente.
Particularmente acredito que teremos um grande crescimento do varejo do varejo brasileiro nos próximos anos, mas ele será totalmente diferente. E-Commerce, M-Commerce (vendas por meio de dispositivos móveis) e S-Commerce (vendas por meio de mídia social) transformarão o varejo. Nos próximos anos, as compras online serão responsáveis por mais de um terço das vendas em mercados desenvolvidos. O comércio móvel se tornará popular, à medida que mais consumidores fizerem compras por impulso em plataformas móveis e principalmente com a mudança e inovações dos meios de pagamento como o PIX. O S-Commerce, liderado por empresas como o Pinterest, Instagram e TikTok, adicionará uma nova dimensão às compras virtuais. Agora que o pior da crise já passou, as tecnologias e as mudanças de hábito dos consumidores trazidos pela restrições da pandemia, darão início às mudanças profundas no varejo. Os pontos de venda tradicionais de “tijolo e argamassa” reagirão às mudanças mesclando sua presença online com as experiências na loja física. As lojas tradicionais ainda existirão nos próximos anos, mas terão modelos de negócios muito diferentes, evoluindo para se parecerem mais com showrooms, centros de coleta ou centros de atendimento ao cliente com vendas impulsionadas por displays de “realidade aumentada” conectando-se aos clientes por meio de aplicativos de smartphones. Bem vindo ao futuro! Boas vendas nação varejista!!
*Luis Lobão é professor de Estratégia e Governança da HSM Educação Corporativa FONTE: FCDL
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