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Profissionais de RIG se adaptam ao isolamento



Especialistas em relações institucionais e governamentais tiveram que ajustar suas agendas, se acostumar com os vídeos, reuniões simultâneas e ao distanciamento


Os efeitos da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus afetou as áreas mais diversas da sociedade. Muito se fala nos impactos no setor produtivo e no de comércio e serviço, que, de fato, traz as consequências mais nefastas para a vida do cidadão comum. Mas atividades das áreas governamentais e legislativas também sofrem impactos que acabam reverberando no dia a dia da população.


A rotina da Congresso Nacional é um exemplo. Embora já se fale em relaxar o isolamento social, poucos parlamentares têm se arriscado a aparecer em Brasília. Alguns, que ficaram na cidade, preferem exercer as atividades via videoconferência. Assim, trabalham de suas residências ou escritórios pelo computador ou celular.


Os cuidados aumentaram principalmente depois de casos como o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), que contraiu a Covid-19 e voltou à atividade conscientizando a todos sobre os riscos da doença. A preocupações com as atividades legislativas se repetem em várias partes do país. Câmaras Estaduais e municipais também tiveram que rever suas rotinas.


Na esteira dos parlamentares, uma série de atividades correlatas às Câmaras tiveram que ser ajustados. Uma delas se refere aos profissionais de relações institucionais e governamentais, os chamados RIG, que trabalham na defesa de interesses junto aos deputados e senadores.


Apesar de não serem tão conhecidos, eles compõem um corpo fundamental e abrangente em todo o Brasil e em todas as esferas do poder público. “As ações de RIG no meio empresarial são fundamentais para colocar as demandas de forma adequada e receber respostas adequadas”, explica o especialista Eduardo Fayet. “Representantes de empresas e associações atuam de maneira efetiva no cenário político institucional e são fundamentais na regulação do ambiente competitivo”, diz Fayet, que trabalha na formação e qualificação de lideranças.


Um levantamento feito pela Integra, empresa de relações governamentais, dá a dimensão desse universo. No Brasil os profissionais de RIG trabalham com cenário composto por 1 presidente, 22 ministérios, 11 agências reguladoras, 513 deputados federais distribuídos em 25 comissões e 50 frentes parlamentares, 81 senadores organizados em 20 comissões e 8 frentes parlamentares, 27 governadores, aproximadamente 670 secretarias de estado, 1.059 deputados estaduais, 5.570 prefeitos, quase 96 mil secretarias municipais e 57.931 vereadores e eles estão rodeados por 11,5 mi servidores públicos.  Para completar, compute quase 200 mil leis em vigência e 33 partidos políticos com suas relações peculiares. Para completar o cenário, eles têm que disputar a atenção com 240 mil ONGs e mais de 19 milhões de empresas.



Rotina alterada


Acostumados ao trabalho do tipo corpo a corpo e ao entra e sai dos gabinetes, os técnicos e especialistas e RIG tiveram que ajustar suas agendas e se adaptar aos vídeos, reuniões simultâneas e um distanciamento que não favorece as tratativas mais sensíveis.


“Esse é um tema que está sendo bastante debatido em nosso meio. A nova dinâmica de trabalho criada pelo cornavírus acabou demandando mais tarefas e tempo aos profissionais de relações institucionais”, diz Ludmilla Cabral, profissional de RIG da União da Indústria de Cana-de-Açúcar.


A representante do setor sucroalcooleiro explica que as possibilidades criadas pela tecnologia acabam exigindo mais destreza e disponibilidade do profissional de RIG. “Além de ficar atenta às sessões remotas, que acontecem a todo tempo, estamos sempre participando de pequenas reuniões que não precisam de deslocamento”, explica.


Para fazer relações governamentais e institucionais com protagonistas e influenciadores do Congresso Nacional e Executivo o caminho também tem sido as videoconferências com stakeholders e consultores. Para alguns, isso tem algum impacto na rotina e nos resultados. “Quando estamos no Congresso, é como se tudo estivesse ao nosso alcance”, explica Ludmilla. “O trato com as autoridades, no tête-à-tête, é mais fluída e efetiva. Conseguimos abordar as autoridades e resolver muitas questões de imediato. No ambiente virtual ficamos limitados aos agendamentos e limitações de tempo”.


Karoline Lima, Relações Institucionais e Governamentais da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, também tem sentido as diferenças no seu dia a dia. Ela também tem participado de videoconferências diárias com parlamentares, senadores, autoridades, assessorias e demais stakeholders sobre as pautas e Pojetos de Lei, mas sente que o ambiente geral exige novas habilidades por conta do coronavírus.


“Tem sido um momento de perceber o quão relevante tem sido o diálogo com as autoridades, sociedade e os setores impactados em busca de soluções equilibradas, possíveis e necessárias com dados e análises, para o momento de crise que estamos vivenciando”, diz Karoline. “Me sinto com a necessidade de estar atenta a todo momento. Com tantas mudanças em tão pouco tempo, tenho que ficar mais ponderada ainda em relação as informações que recebemos e as que orientamos”, explica.


Cuidados que valem para todos


Se em empresas tradicionais as regras para videoconferências devem ser seguidas à risca, no universo das relações governamentais essas normas adquirem outra dimensão, uma vez que os encontros são absolutamente formais.


Ludmilla, que está trabalhando em casa desde o início do isolamento social, teve que se equilibrar em uma casa com uma filha pequena e uma enteada pré-adolescente. “Em função da presença das meninas, procuro ficar em locais onde não haja interferência no áudio, caso precise falar. Cuido do enquadramento da câmera para não ocorrer nenhum inconveniente e cuido do visual. Mesmo aparecendo só do ombro para cima, estou sempre com uma blusa que usaria se tivesse que sair para trabalhar, e apareço de rosto lavado, sem maquiagem”, ensina.


Ludmilla também se certifica que não será interrompida por nenhuma chamada ou interferência inesperada. “Mantenho todos informados dos horários que estarei em reuniões virtuais para evitar que me procurem nesse momento”.


Karoline lembra que, apesar de tudo, existe uma regra que deve permanecer imutável: os procedimentos de formalidade e ética. “Seguir procedimentos de forma ética, transparente e com integridade é essencial ao nosso trabalho”, diz. “Diversos grupos e setores se organizaram, se estruturaram e se capacitaram para desempenhar essa atividade dessa maneira. É o que garante a criação de um ambiente produtivo e saudável para todos dessa área”.



Esteja preparado


Reunimos algumas orientações para os profissionais de RIG exercerem seu trabalho de forma plena e segura durante esse período de isolamento. Confira!



Cominucação – Aqui vale a regra para qualquer situação. É importante alinhar com as equipes de comunicação e TI as mensagens-chave, sistematizar argumentos e conhecer muito bem os perfis das pessoas com quem se dará a reunião virtual.



Ferramentas e segurança – Há ferramentas de videoconferência mais seguras do que outras e que devem ser avaliadas e testadas pelas equipes de tecnologia da informação de cada empresa. Toda informação estratégica merece ser tratada com atenção. Reforce sua segurança cibernética.



Comportamento em videoconferências – Toda reunião de relações governamentais é uma reunião absolutamente formal. Isso vale para a videoconferência. Alguns cuidados que devem ser tomados para que os melhores resultados sejam alcançados:


– Realizar sempre em ambiente sóbrio, organizado e sem excesso de objetos que possam tirar a atenção do interlocutor.


– Avisar em casa sobre o tempo de duração da reunião e a necessidade de não ser interrompido.


– Escolher roupa adequada ao ambiente de trabalho.


– Usar maquiagem discreta e que evite brilho na testa, por exemplo.


– Ajustar a câmera até uma altura que permita ao interlocutor uma imagem olho no olho. Evitar posicionamento de câmera em que você pareça estar olhando de cima para baixo, ou de baixo para cima.


– Verificar a luz do ambiente a cada reunião.


– Entender bem o funcionamento da ferramenta de videoconferência e suas possibilidades, como a de apresentar um slide ou um filme, se necessário.


– Respeitar o horário estabelecido com o interlocutor.


– Webinars acontecem de forma mais segura quando, “nas janelas”, aparecem apenas os palestrantes e não todos os espectadores.


– Importante lembrar que contratempos podem fazer com que câmeras e microfones, aparentemente fechados, abram inesperadamente. Certifique-se sempre de que sua imagem esteja bem composta.



FONTE: FCDL MG

 
 
 

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