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Selic em patamar histórico: o que esperar?


Na semana passada, o Copom, órgão do Banco Central responsável pela política monetária brasileira, anunciou novo corte na taxa básica de juros, a Selic, que chegou ao patamar histórico de 3% ao ano com uma perspectiva de novo corte e possível queda da inflação. Isso parece bom, mas será que é mesmo? Afinal, como essa decisão se relaciona com meu negócio, meus empréstimos, financiamentos e investimentos nesse cenário de pandemia?


Para quem viu uma inflação na casa de dois e até três dígitos, ter a inflação tão baixa com perspectiva de deflação pode parecer um bom sinal, mas se a inflação é ruim, a queda exagerada dos preços pode ser ainda pior.


Em um ambiente de incertezas as pessoas resistem ao impulso de consumo a curto prazo e preferem poupar, o que leva as empresas a baixar o preço por conta da lei de oferta e procura. Esse movimento pode levar a queda na renda das pessoas e empresas, com consequente aumento de desemprego. Ou seja, a deflação, assim como a inflação, é sinal de problemas econômicos mais profundos.


Taxas próximas de zero já faziam parte dos problemas de países do primeiro mundo. Segundo o economista Premio Nobel Paul Krugman, “o mundo emergente avançou muito nessas questões e o mais perverso é que, ao ganhar algum tipo de credibilidade no estilo do primeiro mundo, conseguiram se tornar vulneráveis aos tipos de problemas do primeiro mundo”.


Reduzir as taxas de juros costumava ser um mecanismo usual para estimular a economia, porém com taxas tão baixas o Brasil e outros países emergentes precisarão lançar mão de outras manobras de estimulo econômico, como a emissão de moeda, que já está sendo aventada por especialistas, ou mesmo aumento do crédito, uma opção que enfrenta mais resistência por parte da equipe econômica.


Outro ponto que chama atenção na ata do comitê é que a contração da atividade econômica é superior à prevista anteriormente. Isso significa que podemos levar um tempo maior para retomar o crescimento. Então, cuidado redobrado ao embarcar em descontos e investimentos que parecem promissores no momento. É preciso cautela, pois em um mercado com taxas tão baixas, projetos que antes não eram viáveis podem vir a ser. Isso porque para calcular a viabilidade de um projeto, um dos valores tomados como base é a taxa livre de risco.


No Brasil, essa taxa está diretamente atrelada à Selic. Quanto menor a taxa, menos o projeto precisa retornar para ser reconhecido como viável. Nessa situação, empresas, projetos e investimentos podem parecer lucrativos quando na verdade estão lucrando apenas por conta das condições criadas pelo mercado.


Já para quem contraiu empréstimos, sejam pessoas físicas ou jurídicas, após a previsão de portabilidade da dívida, existe a possiblidade de que bancos concorrentes ofereçam taxas menores no seu empréstimo ou financiamento. Então, é importante consultar algumas instituições bancárias e descobrir se é possível trocar a dívida atual por uma dívida mais barata.


Merula Borges, Coordenadora Financeira da CNDL


FONTE: FCDL MG

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