Votação do segundo turno da PEC foi convocada para esta quinta às 11h
O Senado aprovou nesta quarta-feira feira, em 1º turno, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, com medidas de controle dos gastos públicos e que autoriza o pagamento de até R$ 44 bilhões por meio do novo auxílio emergencial. Depois de dias de discussão em plenário e negociações nos bastidores, o relator da matéria, Márcio Bittar (MDB-AC), chegou a um texto que conseguiu apoio da maioria. A votação do segundo turno da PEC foi convocada para amanhã (4) às 11h.
O texto cria mecanismos de ajuste fiscal, caso as operações de crédito da União excedam as despesas. Ele também possibilita o pagamento do auxílio emergencial com créditos extraordinários sem ferir o teto de gastos públicos. O gasto com o auxílio também não será afetado pela chamada “regra de ouro”, um mecanismo que proíbe o governo de fazer dívidas para pagar despesas correntes. O governo estuda retornar com o auxílio emergencial em forma de quatro parcelas de R$ 250 ainda este mês.
O valor, a duração e a abrangência do novo auxílio ainda serão definidos pelo Executivo. A primeira versão do auxílio ultrapassou os R$ 300 bilhões de custo total, tendo chegado a cerca de 68 milhões de pessoas, em duas rodadas: na primeira, que durou cinco meses, foram parcelas de R$ 600 por pessoa; na segunda, chamada de “auxílio residual”, foram parcelas de R$ 300 durante quatro meses, e com um público-alvo menor. O novo montante representa menos do que o auxílio residual, que custou cerca de R$ 64 bilhões.
Comércio e serviço comemoram
O setor de comércio e serviço comemorou a aprovação da PEC. Desde o início do ano, entidades representativas já chamavam a atenção para importância do auxílio emergencial. Para o presidente da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), José César da Costa, a situação do país estaria muito pior se não fosse o socorro à parcela mais fragilizada da população.
Segundo o dirigente, além da ajuda humanitária, o auxílio fez com que o Brasil não parasse. “O auxílio emergencial movimenta a economia. As pessoas recebem o dinheiro e vão para o consumo. Isso gira a economia como um todo. Ainda que os valores dessa fase não sejam os mesmos do ano passado, é um alívio saber que as discussões avançam no Congresso”, analisa. José César diz que também é importante garantir a extensão por mais tempo do Programa Nacional de Apoio às Micro e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) como estratégia de enfrentamento da crise econômica. “Essa fórmula de aliar o auxílio emergencial ao apoio às pequenas empresas ajudou muito o varejo no ano passado. É importante mantermos esse modelo, principalmente porque a pandemia se agravou e o pequeno e médio empresário são os que sentem os efeitos dessa crise”.
O dirigente diz que medidas como a suspensão de contrato, redução de salário e jornada de trabalho, também utilizadas em 2020, são ferramentas fundamentais para manter milhares de empresas e empregos, e que o setor espera que o governo encontre uma fórmula para manter esses mecanismos sem que haja desrespeito ao teto de gastos.
Contrapartida
Foi justamente para garantir o controle dos gastos, que a proposta do senador Márcio Bittar impôs medidas de contenção fiscal para compensar o aumento de despesas. A principal delas são dispositivos a serem acionados quando os gastos do poder público atingirem um determinado patamar. Esses “gatilhos” passam a ser permanentes, e não restritos à pandemia de covid-19.
Na esfera federal, todas as vezes em que a relação entre as despesas obrigatórias sujeitas ao teto de gastos e as despesas totais superar 95%, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e o Ministério Público deverão vedar aumento de salário para o funcionalismo, realização de concursos públicos, criação de cargos e despesas obrigatórias, concessão de benefícios e incentivos tributários e lançamento de linhas de financiamento ou renegociação de dívidas.
Fonte: Varejo SA
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